Entre mordidas e beijos

Trimmm trimmm... 6:15am marcava o relógio a cabeceira da cama. – mais dez minutinhos? – perguntou sonolento, como se esperasse resposta. Levantou com a sensação de que algo estava diferente. No caminho para o banheiro, garrafas, latas e caixas de pizza. E antes que pudesse terminar a frase... – mas que mer... – Ai! Caralho! – e mais um roxo para a coleção. Uma bandeja de prata, antiga e cara, jogada na porta do banheiro causou-lhe uma ida a sua podóloga preferida. Tomou banho, escovou os dentes que antes só amargavam a cerveja. Enrolado em uma toalha branca, dirigiu-se a sua bela cozinha. Lá , uma surpresa o apanhou.
– Bom dia lindo. Dormiu bem? Ainda assustado e confuso com a situação, respondeu:
– eu dormi, mas quem é você? Não muito surpreso com a resposta, mas ainda assim de certa forma magoado, retruca :
– vai pro inferno seu babaca! E em segundos ouvi-se a porta bater com violência. Ainda pasmo com o que ocorrerá, ouviu o celular tocando. Tira o enorme aparelho do bolso esquerdo da calça jeans jogada no chão como se tirada as pressas. No visor do celular a mensagem: “você vai se atrasar”. Lembrará ter programado tal mensagem na noite anterior para não perder a hora. Ás 7:15am estava em pé, uma mão segura uma pasta de couro, típica dos executivos, e a outra estendida, segurando a barra de ferro fria e suja do metrô. A caminho de mais um dia “difícil” as lembranças da noite passada surgiam como flashes. Bar, bebidas, lindos garotos em pouca roupa e a nota que comprovava o pagamento com cartão de crédito. Lembra do rapaz branco, de corpo desenhado por alguém mal, muito mal. A mão lhe pega os cabelos, e com força moderada os puxa de maneira a deixar o pescoço em destaque. Entre mordidas e beijos, a mão que até então estava desocupada, começa seu trabalho. Sem nenhum pudor, faz o inevitável convite: - vamos ao meu apartamento?
Trinta minutos depois e a estação de destino, fazem que volte a realidade não tão excitante quanto suas lembranças. Esse foi o dia mais longo de sua vida, e o relógio parecia não querer marcar o fim do horário de trabalho. Depois de se sentir esperando por uma eternidade, pega seu trabalho de casa e enche a sofisticada pasta com eles. Chama um táxi, desfaz o nó da gravata e joga o blazer no ombro direito. – No Boulevard do centro por favor! - tem certeza senhor? Perguntou o motorista desconsertado. – apenas faça seu trabalho – respondeu ríspido. Minutos depois, estava em um lugar estranho e escuro. Uma porta pequena de uma simples habitação foi onde parou. Entrou. Atravessou o espaço entre a entrada e o bar sem olhar para os lados; olhos fixos. E o garçom começa mais um expediente. – Boa noite, o mesmo de ontem?

2 Response to "Entre mordidas e beijos"

  1. Unknown Says:

    Me lembrou o clipe do Groove Armada.

  2. Unknown Says:

    Vixe eo cara não lembrou nem o nome do peguete da noite anterior? Mas parece um conto novaiorquino :P
    Ficou massa.

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